Esse mês trasesmos no VIVA, mais um poema de outro poeta pernambucano, que é daqui do no Estado, que é de qualquer lugar, que é do Mundo tod...
Esse mês trasesmos no VIVA, mais um poema de outro poeta pernambucano, que é daqui do no Estado, que é de qualquer lugar, que é do Mundo todo. Ascenso Ferreira. abaixo um resumo da história desse poeta tirado do site /www.antoniomiranda.com.br.
"Poeta, Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira nasceu no município de Palmares, zona da Mata de Pernambuco, a 09 de maio de 1895, filho único do comerciante Antônio Carneiro Torres e da professora Maria Luiza Gonçalves Ferreira. Órfão aos 13 anos de idade, passa a trabalhar na mercearia de um tio e, em 1911, publica no jornal A Notícia de Palmares, o seu primeiro poema, "Flor Fenecida". Em 1920, muda-se para o Recife, onde torna-se funcionário público e passa a colaborar com o Diário de Pernambuco e outros jornais.
Em 1925, participa do Movimento Modernista de Pernambuco e, em 1927, publica seu primeiro livro, "Catimbó". Viaja a vários estados brasileiros para promover recitais. Em 1941, publica o seu segundo livro ("Cana Caiana"). O terceiro livro ("Xenhenhém") está pronto para ser editado, mas só sairia em 1951, incorporado à edição de "Poemas", que foi o primeiro livro surgido no Brasil apresentando disco de poesias recitadas pelo seu autor - a edição continha, ainda, o poema "O Trem de Alagoas", musicado por Villa Lobos.
Em 1963, a Editora José Olympio (RJ) lança "Catimbó e Outros Poemas". A 05 de maio de 1965, morre, no Recife. Usava sempre um grande chapéu de palha, que era uma verdadeira logomarca".
Agora um dos poemas mais conhecidos de Ascenso Ferreira, boa leitura:
TREM DE ALAGOAS
O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
— Adeus!
— Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
— Adeus morena do cabelo cacheado!
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
— Ali dorme o Pai-da-Mata!
— Ali é a casa das caiporas!
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar...
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana caiana,
cana roxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
— Adeus morena do cabelo cacheado!
— Ali dorme o Pai-da-Mata!
— Ali é a casa das caiporas!
— Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Ascenso Ferreira
Um Abraço da Rede.