[caption id="attachment_1303" align="alignright" width="300"] Conceição Evaristo, mulher, negra, doutora em l...
[caption id="attachment_1303" align="alignright" width="300"] Conceição Evaristo, mulher, negra, doutora em literatura - Foto capturada na Internet[/caption]
O 25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e do Caribe. É data de celebração e de luta contra a opressão, o racismo, a desigualdade e a discriminação. Foi definida no I Encontro das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, realizado na República Dominicana, em 1992 - saiba mais aqui.
Celebramos a data-símbolo destas mulheres guerreiras com um poema da escritora mineira de Belo Horizonte, radicada no Rio, Conceição Evaristo. Trata-se de uma das maiores, senão a maior, expoente da literatura afro-brasileira. Foi pela palavra, pelo estudo e pela literatura, que ela rompeu os grilhões e ganhou o mundo. É autora, dentre outros livros de contos e romances, do livro Poemas de Recordação e outros Movimentos, editora Nandyala, 2008 - saiba mais aqui e aqui.
Todas as manhãs acoito sonhos
e acalento entre a unha e a carne
uma agudíssima dor.
Todas as manhãs tenho os punhos
sangrando e dormentes
tal é a minha lida
cavando, cavando torrões de terra,
até lá, onde os homens enterram
a esperança roubada de outros homens.
Todas as manhãs junto ao nascente dia
ouço a minha voz-banzo,
âncora dos navios de nossa memória.
E acredito, acredito sim
que os nossos sonhos protegidos
pelos lençóis da noite
ao se abrirem um a um
no varal de um novo tempo
escorrem as nossas lágrimas
fertilizando toda a terra
onde negras sementes resistem
reamanhecendo esperanças em nós.
O 25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e do Caribe. É data de celebração e de luta contra a opressão, o racismo, a desigualdade e a discriminação. Foi definida no I Encontro das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, realizado na República Dominicana, em 1992 - saiba mais aqui.
Celebramos a data-símbolo destas mulheres guerreiras com um poema da escritora mineira de Belo Horizonte, radicada no Rio, Conceição Evaristo. Trata-se de uma das maiores, senão a maior, expoente da literatura afro-brasileira. Foi pela palavra, pelo estudo e pela literatura, que ela rompeu os grilhões e ganhou o mundo. É autora, dentre outros livros de contos e romances, do livro Poemas de Recordação e outros Movimentos, editora Nandyala, 2008 - saiba mais aqui e aqui.
Todas as Manhãs
Conceição Evaristo*
Todas as manhãs acoito sonhos
e acalento entre a unha e a carne
uma agudíssima dor.
Todas as manhãs tenho os punhos
sangrando e dormentes
tal é a minha lida
cavando, cavando torrões de terra,
até lá, onde os homens enterram
a esperança roubada de outros homens.
Todas as manhãs junto ao nascente dia
ouço a minha voz-banzo,
âncora dos navios de nossa memória.
E acredito, acredito sim
que os nossos sonhos protegidos
pelos lençóis da noite
ao se abrirem um a um
no varal de um novo tempo
escorrem as nossas lágrimas
fertilizando toda a terra
onde negras sementes resistem
reamanhecendo esperanças em nós.